terça-feira, 23 de outubro de 2007

Solidariedade

Um Ato de Amor





Projeto realizado pela professora Pedrina Silva do Carmo, juntamente

com os alunos de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental do turno

matutino e vespertino do Colégio Estadual Luiz Viana Filho de Irecê.



Introdução

Desde que tenhamos a solidariedade como um objetivo pessoal e coletivo, por ver nesta forma de relacionamento um caminho de transformação cultural indispensável das sociedades fragmentadas, agressivas e massificadas, provavelmente perguntaremos: “como desenvolver a solidariedade?” Certamente cada um de nós, de acordo com sua experiência e sabedoria, teria algo a dizer a respeito.

No processo de busca de solidariedade, há uma percepção das limitações individuais no sentido de conhecer o outro. Esbarramos no limitado conhecimento de imagens parciais sobre o outro, e geralmente ficamos frustrados com a não-correspondência das imagens com a realidade que se revela inapreensível. O outro permanece um mistério. De um lado, portanto, temos o nosso condicionamento e de outro, temos o mistério, o desconhecido.

Sendo a solidariedade um dos princípios básicos da democracia, é necessária a cooperação entre todos. No âmbito escolar refere-se aos alunos e demais membros da escola, onde se desperta o sentimento da responsabilidade em relação ao grupo, de maneira que cada um sinta na obrigação moral de apoiar o outro.

Portanto, espera-se que a realização desse projeto possa contribuir de forma sensível para a ajuda ao próximo.

Justificativa

A proposta deste projeto é pautada na importância da convivência solidária. Os estudos de sociologia apostam existir em nossa sociedade uma tendência muito forte do individualismo, essa competição marcada pela luta de classes, reforça as desigualdades, fomentando injustiças levando a uma verdadeira segregação.

Acredita-se que há uma diminuição deste sentimento quando salientam no âmbito escolar valores em sua formação para viver de forma democrática.

É neste sentido que surge a necessidade de trabalhar a solidariedade na escola e sala de aula, sendo a escola um espaço importante de construção da democracia, onde se devem orientar alunos a discernirem direitos e deveres, vivenciando os princípios democráticos. A qualidade na educação é mais do que uma boa formação moral de acordo com os princípios citados.

De acordo com os PCN´s (Parâmetros Curriculares Nacionais) os temas transversais devem ser trabalhados em todas as disciplinas, constatando a importância de trabalhar a solidariedade, dessa forma pretende-se levar os alunos a refletir para que tenham condições de formular conceitos, ao invés de, apenas coletar informações sobre o tema.

Dessa forma pensou-se nesse projeto como meio de praticar a solidariedade humana, levando os alunos, professores, pais e comunidade escolar a se sensibilizar com as condições do próximo.

E nesse sentido, acontecerá uma reformulação do mesmo, processo este que acontece anualmente para atualizá-lo, uma vez que este já acontece há cinco anos, existindo assim, fotos, relatórios, prêmios e reconhecimento social (vide anexos).

Durante o projeto são realizadas campanhas de arrecadação, sendo distribuídos pelos próprios alunos autorizados pelos responsáveis através de documentação escrita (vide apêndice) e professora, propiciando amenizar carências básicas de sobrevivência para pessoas de baixo poder aquisitivo.

Objetivos: Geral e Específicos

Objetivo Geral

Vivenciar a cidadania por meio da participação social e política para compreendê-la com o exercício de direitos e deveres sociais.

Objetivos específicos

Adotar no cotidiano, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças;

Analisar o conceito de cidadania;

Refletir a respeito de solidariedade com o intuito de legitimá-la;

Arrecadar e distribuir alimentos, utensílios, roupas, brinquedos e calçados;

Incentivar a participação social em contrapartida ao descaso e a indiferença.

Fundamentação Teórica

A tradição individualista e socialmente irresponsável é muito forte, por isso, provavelmente tem-se em nosso próprio condicionamento psíquico o maior obstáculo. Esta é uma das razões do esvaziamento ético e do declínio humano na civilização urbano-industrial, principalmente nas grandes cidades. E tem como resposta mais lúcida a forma de grupos que desenvolvem formas de estimular o potencial humano, por meio do auto-conhecimento coletivo como extensão da auto percepção individual.

Para estabelecer pontes artificiais sobre o distanciamento e não conhecimento do outro, repetimos frases, clichês, estereótipos, crenças, de todos conhecidos, e fazemos da relação social algo inautêntico. Porém, se tivermos clareza sobre o grau de condicionamento individualista determinado por nosso passado, teremos dado um importante passo em direção a solidariedade. E se, além disso, percebemos a relação social como um momento privilegiado de auto-conhecimento e aprendizado em aberto, sem fim teremos dado outro passo fundamental.

Uma análise das obras existentes sobre o assunto revela um acentuado consenso de que o trabalho voluntário contribui para a felicidade ao eliminar o tédio e dar objetivo à vida. Em média, os voluntários têm duas vezes mais chances de se sentirem felizes consigo mesmos do que aqueles que não se dedicam a nada. (Crist-Houran apud. Niven, 1996, p. 121)

Observamo-nos, na relação solidária, evitando autocensura e auto justificação, permanecendo atentos à possibilidade de ver a nossa liberdade acompanhar a liberdade do outro, momento a momento, sem expectativa de um resultado concreto, de um fim.

Para isso, é preciso contar não só com a desmistificação de estereótipos, dos inúmeros artifícios sociais, mas também com o propósito claro de desenvolver a solidariedade. Com este propósito sendo consensual, os conflitos são relativizados, diluídos, e o silêncio ganha espaço na relação. Observa-se que entre amigos, o silêncio não é fator de constrangimento, como acontece nas relações entre desconhecidos ou recém conhecidos como defende Vasconcellos (2006) “que os sujeitos querem ser reconhecidos, uns pelos outros, amados, notados, eles desejam ter valor para os outros (...) ser revelado pelo outro como merecedor de sua estima.” A solidariedade é um caminho para a amizade (com amor ético), a mais bela forma de amor social, a que mais gera valores e amplia a liberdade humana.

Na solidariedade, redescobrimos o sentido original da palavra respeito, que nada tem a ver com temor e obediência, mas com atenção integral de alguém. Na solidariedade, percebe-se a beleza da partilha, da ação em conjunto e a percepção desta beleza em si, suscita valores essenciais, como o amor, a paz, a liberdade, a meditação, a evolução e harmonia.

A solidariedade, entretanto, precisa distinguir-se da bondade, que pode ser unilateral. Quando somos solidários, de certa forma vamos além da bondade, porque participamos de um movimento social nascente, que pode incluir duas ou mais pessoas.

Pertencer a um grupo faz com que as pessoas se sintam mais próximas umas das outras e aumenta a confiança e a satisfação pessoais em cerca de sete por cento. (Coghlan apud Niven, 1996, p. 50).

Percebe-se tratar de uma arte complexa, que exige extraordinária sensibilidade e discernimento. Popularidade não indica solidariedade. Não será pela extensão superficial do rótulo de “amizade” às relações sociais, com estranhos colegas que a solidariedade fará parte de nossas vidas. Ser solidário é sentir-se solidário. Descobrir, em si mesmo esse sentimento, é motivo de comemoração, de confraternização, porque é algo raro tão transformador que geralmente é reprimido nas instituições hierárquicas, nos grupos formais.

Cada um de nós tem um ritmo próprio no desenvolvimento desta arte, porque nossos condicionamentos diferem em graus de repressão das emoções superiores, da abertura perceptiva e de educação do raciocínio lógico.

Geralmente, ocorre uma combinação complexa destas carências, de modo que precisamos todos compreender a necessidade não só de aprender a ser solidário, mas também a necessidade social de estimular o aprendizado de outrem. Vasconcellos (2006) retrata que “há que descobrir que sua afirmação não significa (...) a negação do outro, mas que, ao contrário, a convivência com o outro o leva a potencializar-se e desenvolver-se,” ou seja, a solidariedade, sendo um processo de libertação social, de auto conhecimento coletivo, não é qualidade que se tem ou não, mas que se aprende e se ensina partindo das mais variadas condições sociais, dos mais variados ambientes ou ecossistemas.

Com esses pressupostos, traz-se para a educação com interesses coletivos, consolidando uma educação democrática, que consiste num processo de humanização, despertando no mesmo exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos saberes, o cultivo do humor.

A educação como formação e consolidação de tais valores torna o ser humano só mesmo com o tempo, mas consciente de sua dignidade e da de seus semelhantes – o que garante o valor da solidariedade – assim como mais apto para exercer a sua soberania enquanto cidadão.

Metodologia

Será utilizado da pesquisa de campo, inicialmente para obter informações da real situação dos necessitados. Será feita a arrecadação de alimentos, utensílios, roupas, brinquedos, calçados, sabendo da importância dos mesmos para os necessitados.

Serão verificados os casos mais graves de pobreza, nos bairros periféricos da cidade de Irecê e Presidente Dutra, através de visitas, onde tudo o que for observado será anotado pelos alunos. Os alunos formularão e entrevistarão as famílias visitadas.

Há uma profunda reflexão em sala de aula (desde 2003) (vide apêndice) sobre os mais graves problemas detectados, questionando-se os seguintes pontos: De que vivem? De que precisam? Por que precisam? Que problemas tais carências trazem? De que precisam mais urgente? De que forma se pode contribuir?

Além das entregas necessárias durante o ano corrido, serão entregues também em datas comemorativas, como dia das mães, pais e dia das crianças.

Serão desenvolvidas atividades em sala com pesquisa sobre o tema solidariedade: na internet, dicionários, Igrejas Evangélicas, Centros Espíritas, desenhos, produções textuais e apresentações dos mesmos, transformando-os em debates.

Os alunos irão tirar fotos das primeiras visitas às famílias, como também durante a separação e organização das doações para a entrega, e durante a viagem às localidades, no momento das entregas, na sala de aula, no encerramento e avaliação do projeto.

Cronograma de Ações


Referências bibliográficas

VASCONCELLOS. Celso dos Santos. (In) Disciplina. Construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 16ª edição. Ed. Libertad. São Paulo, 2006.


NIVEN. Davi (Ph.D) Os 100 segredos das pessoas felizes. Trad. Maria Claudia Coelho. Sextante, Rio de Janeiro, 2001.

Estudantes do Colégio Luiz Viana Filho envolvidos no Projeto Solidariedade em 2007












Estudantes do Colégio Luiz Viana Filho envolvidos no Projeto Solidariedade em 2007






















Ações do Projeto Solidariedade










Ações do Projeto Solidariedade






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